Seguindo o causo anterior:
Bueno, como a noitada seguiu no ouro negro, eu “pernoitei” na escola mesmo. Domingão de manhã, tomei um banho e me fui pra casa, então que, como sempre digo, não há dia pior que domingo... é entediante, esses momentos é como nos sentimos como aquela canção do System of a Down, chamada Lonely Day, bem assim mesmo. Ah, sim, alguns dias antes, e na noite anterior, na casa da trova e também na sexta de noite, o pessoal me relembrou do convite, pra comer cachorro quente na casa da Greice (gaúcha de Sério - tchê, tô falando sério. Sério é um município perto de Lajeado). Que esse programa, de comer cachorro quente na casa da Greice é um point da gauchada e seus anexos.
Bom, naquele dia eu não tava com vontade de fazer porra nenhuma. Mas pensei: “Quer saber, vou lá ‘prosear’ e tomar uns mate com o meu povo. Cheguei lá, e me botaram no serviço, a lavar e picar a cebola. Eu acho que eu sou um cara emotivo, sempre choco quando corto cebola... Bom, estávamos presentes Roberto (gaúcho de sexto ano) e sua namorada; o Lucas (de Parobé) e sua namorada Andréia (de Goiás); o Marcéu (Porto Alegre); o Maciel (o Alemão, de Parobé); a Andréia (de Ronda Alta) e seu marido Hamsen (não sei como se escreve, mas o Hamsen é de Costa Rica e já foi pro Rio Grande do Sul). Bah, o tal do hot-dog tava tri bom, seguimos tomando mate, contando causo, dando risada, fazendo brincadeiras.
União dos povos, nunca vi um povo tão unido quanto o povo gaúcho, quer dizer há poucos exemplos. Tipo assim, quando cheguei em Cuba, pela primeira vez, com a fatia da delegação brasileira que ingressou na ELAM no mesmo ano letivo que eu, os brasileiros antigos esperavam os mais novos, tipo os veteranos recebendo os calouros. Nesse grupo de veteranos estava a Jana, que foi minha colega de cursinho em Santa Maria. Da mesma maneira em que do aeroporto fomos pra ELAM, baixei o pé do ônibus veio a Jana me receber e de pronto já me apresentou aos outros gaúchos. Desde de aí, já me senti muito bem recebido, e já marcando mateada, tal e coisa, coisa e tal.
Outro povo que é unido, querendo ou não é o povo adventista, os Adventistas do Sétimo Dia, ao qual eu me incluo. Há quem diga que esse povo é uma família global, e eu comprovei. Há um médico estadunidense, ele é neurocirurgião pediátrico, Dr. Benjamin Carson (tem até filme sobre ele, “Gifted Hands” - eu recomento), por um tempo esse médico foi viver na Austrália. Assim que o Dr. Carson também é adventista do sétimo dia, e buscou essa organização na Austrália e aí também foi muito bem recebido. Comigo o mesmo, só que em Cuba. Outra organização que vejo que os membros são muito unidos entre si é o MST, ao menos aqui em Cuba. Ah, tem também a UJS – União da Juventude Socialista - a qual sou militante, a qual também aqui em Cuba me acolheu muito bem. Outro povo, que vejo de longe, e muita gente confirma, são os evangélicos, isso eu já percebi aqui em Cuba, essa gente é unida entre si. O que eu posso falar, é desses três grupos aos quais eu tenho esse sentimento de “pertencer”, em que me sinto bem, que tenho afinidade, me identifico: adventistas do sétimo dia, a UJS e a gauchada.
Mas voltando ao caso dos gaúchos, povo que muitas vezes, fora do RS, sem motivo nenhum já se reúne, nem eu seja pra tomar um amargo e conversar. Reunimos-nos por qualquer motivo, se possível, desde gente do pré-médico ao sexto ano, se bem que em Camagüey somos do terceiro ao sexto. A maioria dos gaúchos presentes, sim, ou ao menos uma boa fatia, e com representantes de cada ano da carreira, ehehehe.
Há gente de outros estados brasileiros que, na maioria das vezes nem sabe quem é do próprio estado, enquanto os gaúchos, todos se conhecem, se procuram, se reúnem, se ajudam. Pode até parecer piegas, mas ao escrever isso, me arrepio e os olhos até se enchem de água. Não sei o que há entre osso povo, mas somos assim. Independente de qualquer diferença futebolística, política ou religiosa, fora do Rio Grande a Gauchada é unida. Aqui em Cuba, tu podes chegar pra qualquer brasileiro, perguntar se ele sabe cantar o hino de seu estado, vai ser muito difícil que ele saiba. Agora, se perguntares a um gaúcho, ele vai chamar os outros gaúchos e formar um coral cantando Hino Riograndese. E altos papos, não poderia deixar de falar do Rio Grande, bah, tah loco. Tchê, e o Hamsen, o costa-ricense, em português, me contando que já esteve em Santa Maria. A Andréia, de Goiás, que nessas férias conheceu o Rio Grande e gostou (ao menos foi o que ela disse, huahuahua). Na ocasião, a Andréia era a única colorada presente, assim que ela teve que agüentar as piadinhas de macaco, huahuahuahauah.
Eram umas sete e meia (já da noite, porque tá chegando o inverno), era hora de deixar Puerto Príncipe (bairro onde mora a Greice). Todos “motorizados”, exceto eu, que ainda não achei uma bike. Aí eu iria na garupa do Alemão, que foi arrancar a bike e quase caímos. Ah quando eu subi na bike do alemão, alguém disse:
- Zeca, levanta a patinha!
Aí, eu levantei as pernas. E depois disseram:
- Não, não é a tua pata, é a patinha da bike!!!
Aí a galera começou a dar risada.
. Depois até um pedaço fui com o Marcéu, foi aí que a Andréia teve a idéia, então Hamsem carregou a Andréia na bike dele e me emprestou a dele, uma dessas chinesas, tri estilosa. Aí fui até perto de casa e cada um pro seu canto.
Esses tempos, na internet, busquei algo sobre gaúchos no mundo, de fato, somo um povo unido. Gaúchos de todo o mundo, uni-vos.