Sábadis passadis
“Indiada véia, que tem o coração sofrido
Como diria o Pedro Ortaça
“Não é Bailanta do Tibúrcio
Mas é um fato ‘assucedido’”
A gauchada e Camagüey dá risada
e percanta ‘despos’ do baile
se le apetece levantar o vestido...”
Camagüey, 15 de janeiro de 2011 – CUBA
Bueno, indiada, é o seguinte, o causo foi sábado passado. Eu estava voltando pra minha casa, devia ser umas oito e meia das “night”, eis que passo pela praça Agramonte, e bem em frente está situado El Café Ciudad. Eis que dentro del Café Ciudad eu avisto a gauchada reunida. E do nada, o Lucas (Parobé) ergue a mão naquele jeito de cumprimentar ‘la nas grota’ e larga um: up!! [esse UP é uma saudação muito utilizada no interior do Rio Grande do Sul, principalmente em áreas rurais, geralmente são os ‘veiaredo’ que se cumprimentam assim. Na verdade é difícil de reproduzir graficamente]. E depois meio que larga um:
- Te aprochega, vivente!!!
Entro no café, a indiada reunida, o Lucas e a Andréia (que nessa semana iria ao Brasil). O Roberto e sua namorada cubana (que nunca me lembro o nome); a Greice (de Sério – RS) e o Alexis (da Argentina, mas é gente boa – capaz, to brincando); o Marcéu (Porto Alegre) e o Alemão (de Parobé).
Papo vai, papo vem, risadas a parte, toma-se uma, tal e coisa, coisa e tal. Bom, eu digo que vou pra casa, mas, porém, contudo, todavia (isso me lembra as aulas de química da Carla), a gauchada me convence de acompanhá-los à casa da trova. Tá certo, conversamos mais um pouco, sei que ouvi uns relatos de antes de eu chegar. Tipo, o Alemão Parobé:
- Bah, gurizada, será que fica extranho eu pedir uma cerveja e um café?
A gurizada:
- Bah, pior que fica.
Alemão:
- Então vou pedir uma cerveja e um sundae!!!
Aí a indiada caiu na risada.
Dito e feito, quando eu cheguei lá havia um recipiente com resíduso que pareciam gritar em neon: AQUI HAVIA UM SUNDAE.
Na saída, alguns de nós roubamos algumas florzinhas dos vasinhos das mesas, eram flores pequenas, mas eram naturais, só que eu não sei o nome. Alguém colocou uma no bolso dianteiro da minha jaqueta, pra ficar ao estilo Falcão. Lá dentro todo mundo perguntava o por quê da maldita flor, minha vontade era dizer: “pra mandar pra tua mãe/irmã”, mas me contive, e respondia qualquer outra bobagem às quais não me lembro agora.
Chegamos ao balcão, pedimos o “mijo de égua” pro bolicheiro, estávamos fazendo vários brindes, entre ele à Andréia (que está grávida), ao Camilo (o qual a Andréia vai dar a luz, e o Camilo vai ser gremista). Depois, brindes ao Rio Grande, brinde ao Grêmio, brinde às férias, as quais iremos pro Rio Grande. Do nada, um cara escorado no balcão, olha pra gente e exclama.
- Que bom, tem brasileiro aqui!!!!
Daí a gente cumprimenta o cara e tal, que falava português tri be, com um leve sotaque carregado. Papo vai, papo vem, perguntando de onde nós somos, falamos Rio Grande do Sul, então ele disse que já esteve lá, passou um tempo em Porto Alegre. Perguntamos de onde ele era, ele disse que era de Israel. Todo mundo, ué, mas como tu fala português? Então ele disse, que andou um tempo no Brasil, tem amigos lá e tal. Então, ele veio me cumprimentar e eu disse: Shabbath Shalom, ele soube responder. Ainda nessa conversa, o suposto israelense (digo suposto, porque ainda não estou totalmente convencido de que o sujeito realmente era) perguntou-nos o que fazíamos em Cuba, aí uma das gurias respondeu:
- Nós moramos aqui!!
E o cara:
- Como assim, moram aqui?
E alguém disse:
- É que a gente estuda medicina!!
E o cara:
- Vocês vem pra balada aqui, hehehehe.
Aí, um dos guris, já meio embalado pelo suco de cevada disse com seu sotaque da capital:
- Tá bom, a gente não estuda, a gente só vem comer as puta!!!
Aí todo mundo riu, hehehehe.
O cara usava uma estrela de Davi no pescoço, e se juntou com nosso grupo.
Papo vai, papo vem, uma música e outra, encontra-se amigos na festa, etc e tal.
Algumas apostas aqui outras ali. Observando umas coisas, eu cheguei à conclusão de que a mulherada não gosta de flores. Calma, já explico. De zoeira, um namorado dá uma flor à namorada, a qual leh devolve a flor em troca da lata de cerveja – mas de arriação, lógico, né!! Sou amigo do casal, e eis que questiono, e ela me explicou que trocou a flor por cerveja. A conclusão que cheguei é que nas vezes que presenteei qualquer guria com alguma flor, perdi tempo, dinheiro, oportunidade e ainda dei bola fora. Nada mais constrejedor que o sujeito com aquela cara de otário com um “singela” flor pra dar pra guria (sim, há coisas mais constrangedoras, mas não cabe ao presente contexto). Se em todas essas vezes eu tivesse dado uma cerveja, talvez tivesse obtidos alguns pontos, talvez as que me deram um fora tivessem ficado comigo, talvez uma que outra houvesse convidado pra passar a noite juntos. Mas não, durante todos esses anos e presenteei com flores – está decidido, não envio mais flores!!!! Na próxima vou mandar um buquê de cervejas!!! Qualquer presente para qualquer pessoa do sexo feminino, que convencionalmente eram presenteadas com flores, de agora em diante, partindo de mim, será cerveja!!! E tenho dito!! Agradeço ao casal Greice e Alexis por permitirem eu chegar a essa conclusão empírica, até pensei em desenvolver um estudo científico para essa questão.
Bom, depois acabou a festa e a indiada se reúne na praça em frente, alguns foram ao Oro Negro, outros pra casa (o meu caso).
Na segunda-feira, rolou uma janta na casa do Marcéu, em que fizemos as análises dos fatos do sabado a noite. Os pormenores não serão publicados!!!